Tecnologia e informação têm se mostrado ferramentas indispensáveis no contexto da segurança alimentar. Recentemente, a Folha Rural, no jornal  Folha de Londrina-Pr.;destacou o livro “Segurança Alimentar e Nutricional”, organizado por Mariangela Hungria, da Academia Brasileira de Ciências, como um compêndio fundamental que evidencia como a pesquisa técnica e científica podem revolucionar a distribuição e entrega de alimentos nutricionalmente adequados para milhares de pessoas que vivem na linha da pobreza.

“…a pesquisa técnica e científica podem revolucionar a distribuição e entrega de alimentos…”

Esta obra ressalta a necessidade de uma maior sinergia entre ciência, tecnologia e aqueles que estão diretamente envolvidos na análise e acompanhamento estatístico dessa população, promovendo uma abordagem colaborativa para enfrentar os desafios alimentares.

É inegável que a ciência e a tecnologia devem ser aliadas nesse cenário. Temos à disposição uma vasta gama de pesquisas aplicadas na área de alimentos, e é essencial utilizar a tecnologia para aprimorar a produção, distribuição e transformação desses recursos. Um exemplo notável é o processo de parboilização do arroz, desenvolvido na década de 1940 pelo químico e nutrólogo inglês Eric Huzenlaub. Esse método, simples em sua aplicação, teve um impacto significativo na melhoria da qualidade nutricional do arroz, contribuindo para combater a deficiência vitamínica conhecida como “beribéri”.

“É essencial diferenciar segurança dos alimentos de segurança alimentar…”

Entretanto, além de avanços tecnológicos, é crucial abordar outras questões urgentes, como o desperdício de alimentos que ocorre diariamente nos estabelecimentos comerciais e a falta de conhecimento técnico em toda a cadeia produtiva e de transformação de alimentos. Esses problemas não só representam uma perda econômica considerável, mas também aumentam o risco de intoxicações e infecções alimentares para a população.

É essencial diferenciar segurança dos alimentos de segurança alimentar e promover uma ampla divulgação sobre o significado e importância desses termos. Os manipuladores de alimentos e os estabelecimentos devem aderir às regras básicas de boas práticas e higiene na manipulação, regulamentadas por diversas leis, incluindo uma Resolução Federal em vigor desde 2004. O consumo de alimentos sem os devidos cuidados de higiene e o desperdício constante representam um problema grave, com impactos financeiros e de saúde pública.

Investir em programas de capacitação e disponibilizar cursos que abordem a manipulação segura de alimentos é fundamental para aumentar a conscientização e melhorar as práticas alimentares, inclusive no ambiente doméstico. Essas iniciativas não apenas capacitam indivíduos, mas também contribuem para a construção de uma sociedade mais saudável e sustentável.

Dra. Gisele Ross Urbano

Sócia-proprietária da empresa Consultech Consultoria

Gestão de Cozinhas